O agropecuário Daniel Teixeira chegou às 7h na rodoviária Engenheiro São Tomé, mas teve que esperar até às 9h para embarcar com destino a Parnamirim, Rio Grande do Norte. “Fora a demora, ainda vou chegar 50 minutos atrasado. Pelo menos já liguei pro meu chefe avisando e ele entendeu.”, conta.
O transtorno de Daniel é devido à paralisação de cinco empresas de ônibus: Guanabara, São Benedito, Fretcar, Princesa dos Inhamuns e Vega. O diretor do Sinteti, Manuel Farias, afirma que houve uma assembleia nas cinco garagens às 4h30 desta terça-feira (3) para que os trabalhadores possam decidir sobre as paralisações. “As empresas Guanabara e São Benedito decidiram retornar às atividades, já a Fretcar e Princesa dos Inhamuns decidiram paralisar por todo o dia.”
O objetivo da paralisação é de avançar nas negociações dos trabalhadores com a empresa para a qual trabalham. O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro-CE) e Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti) trabalham em ação conjunta na campanha salarial. O Sinteti recebeu a proposta de 6,3% no aumento do salário, longe do valor exigido pelos trabalhadores, de 15%. Já o Sintro pede 18% de aumento no salário, além da regulamentação da jornada de trabalho, mas só recebeu a proposta de 5,81% de aumento no salário.
Transtornos
No quiosque onde há venda das passagens, os funcionários tiveram que se desdobrar para explicar a situação pros passageiros. “Devolvemos o dinheiro de todos os passageiros que iriam embarcar hoje. Imagine aí, devolver, em dinheiro, mais de 50 passagens! É um prejuízo muito grande. E nós não podemos nem vender porque não tem previsão para o fim dessa paralisação”, explica o supervisor de vendas da Fretcar Rilley Cunha.
Devido a paralisação no início da manhã, a empresa Fretcar decidiu não realizar atividades e aplicará falta descontando R$ 100 do salário dos trabalhadores, valor referente à diária desta terça-feira e à folga do final de semana. A empresa Vega, também decidiu paralisar as atividades e dar falta aos seus funcionários. Os coletivos da empresa possuem cerca de 18 linhas de ônibus que fazem o transporte entre Fortaleza e municípios da região metropolitana, como Eusébio e Aquiraz.
Os trabalhadores estão aguardando a ordem dos dois presidentes, Domingos Neto, do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro-CE), e Carlos Jeferson, do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti), ambos estão reunidos na Central Sindical e Popular Conlutas para decidirem sobre o andamento das paralisações.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) explica que promoveu um remanejamento da frota de outras empresas do sistema para atender pelo menos em parte a necessidade de deslocamento dos usuários. A nota também não admite, “sob qualquer pretexto, que o Sintro continue frequentemente a bloquear garagens e terminais prejudicando a população de Fortaleza com ações intempestivas e que em nada ajudam à solução dos problemas”. A reunião entre Sindiônibus e Sintro está marcada para esta quarta-feira (4).
fonte: tribuna ceará