terça-feira, 12 de abril de 2016

Crise na Itapemirim: Empresa Tenta plano para evitar Falência ate Maio



Dívida total do grupo chega a R$ 336,49 milhões em reais, maior parte é com fornecedores
ADAMO BAZANI
Em processo de recuperação judicial, cujo plano deve ser apresentado até o final de maio, caso contrário haverá decretação de falência, o grupo da Viação Itapemirim tem dívidas que chegam a R$ 336,49 milhões.
A recuperação judicial envolve as seguintes companhias: Viação Itapemirim, Transportadora Itapemirim, ITA – Itapemirim Transportes, Imobiliária Bianca, Cola Comercial e Distribuidora e Flecha Turismo Comércio e Indústria.
Na última semana, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo divulgou a relação dos credores do grupo da Viação Itapemirim. A maior parte dos débitos é com fornecedores e prestadores de serviços: R$ 169,49 milhões. Depois,  são as instituições financeiras, que cobram R$ 124,28 milhões e, em terceiro lugar, são os débitos trabalhistas que somam R$ 42,7 milhões.
Blog Ponto de Ônibus traz a relação dos credores e dos valores. – Ver abaixo
Todos os credores têm o prazo ded até o dia 6 de maio para contestar o valor dos débitos ou apresentar novas dívidas que não estão na relação.
Para isso, devem procurar o administrador judicial do grupo advogado João Manuel de Sousa Saraiva, que deve receber ao final do processo, 1% dos valores, somando R$ 3,36 milhões.
As objeções também podem ser apresentadas diretamente à 13ª Vara Cível Especializada Empresarial de Recuperação Judicial e Falência de Vitória.
Além dos trabalhadores e bancos, entre os credores na classe de fornecedores de equipamentos, materiais e serviços, estão o DFTrans, que gerencia os transportes no Distrito Federal, Abrati, que é a associação que reúne as empresas rodoviárias de linhas interestaduais, concessionárias privadas de rodovias, departamentos públicos de estradas de rodagem, escritórios de advocacia, o Senat -Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte, além de mecânicas, distribuidores de combustíveis e peças.
Nossa Senhora da Penha, Viação Ouro e Prata, Mutum Preto e Viação Cometa são algumas das empresas de ônibus que aparecem como credoras.
A Itapemirim chegou a operar em 70% do território nacional e nos anos de 1980 produziu os próprios ônibus.
O grupo vem realizando demissões desde 2014, mas as dispensas se intensificaram entre o segundo semestre de 2015 e o início deste ano. Todas as empresas do grupo empregam 1 mil 900 pessoas no país.
De acordo com o sindicato que representa os rodoviários no sul do Espírito Santo, somente no estado, a Itapemirim demitiu desde o último dia 18 de fevereiro 150 trabalhadores.
A Itapemirim afirma que o processo de recuperação judicial é para evitar a falência e pede um voto de confiança aos funcionários, mas diz que a situação só será resolvida em médio prazo.
A empresa alega que é vítima da crise econômica que aumentou os custos de operação e diminuiu o lucro e a demanda das linhas.
No entanto, fontes do setor afirmam que a empresa tem sido também vítima de erros administrativos e desacordos entre integrantes da família Cola.
Um destes desentendimentos é entre Camilo Cola, e a filha, Ana Maria Cola, sobre o inventário do patriarca. A disputa está na justiça.
A ação de recuperação tem como um dos responsáveis, Camilo Cola Filho.
Pessoas ligadas ao quadro de funcionários da companhia ainda alegam que a transferência de ônibus e linhas para outra empresa, a Kaissara, teria sido uma manobra para diminuir o impacto da crise pela qual passa o grupo da Itapemirim.
No dia 4 de junho de 2015, a Itapemirim vendeu 68 linhas interestaduais para a Viação Kaissara entre as quais, trajetos de grande demanda, como São Paulo / Rio de Janeiro, São Paulo / Rio de Janeiro (via ABC Paulista), São Paulo / Curitiba, Rio de Janeiro / Curitiba, Salvador/ Rio de Janeiro, Brasília / Belo Horizonte, Rio de Janeiro / Curitiba.
Em torno de 40% da frota que era operada pela Itapemirim foram assumidos pela Kaissara.
Com a transferência, a Itapemirim manteve 50 itinerários, o que corresponde a 40% de sua atuação anterior.

Kaissara e Itapemirim ainda ocupam as mesmas estruturas, o que leva até mesmo funcionários afirmarem que ainda se trata de um mesmo grupo empresarial. A afirmação, entretanto, é negada por um dos diretores da Kaissara, Fernando Santos, que em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus afirmou que não há sócios em comum entre as duas empresas.